quinta-feira, 13 de agosto de 2009

I - Partida ao Norte Selvagem

“Um bando de piratas que fingem ser mercadores. Hoje podem estar negociando grãos e amanhã negociando quem vai tirar sua vida...”.

Yarlo Rosenbaum , diários pessoais de um escriba.

idade portuária de Luskan. Outrora um refúgio de piratas que hoje vivem de acordos políticos misteriosos e negócios escusos feitos nas sombras. Todavia, parte de seu comércio segue uma via mais honesta, graças aos intercâmbios com cidades do Extremo Norte, ricas em pedras preciosas, minerais e artesanatos únicos.

Uma das companhias de comércio local, a Veleiros Audazes, está recrutando profissionais da aventura para garantir a segurança de suas mercadorias e demais participantes, dentre eles um nobre waterdaviano, de longo chapéu e pesadas mantas vermelho-rubi ornamentadas, e seu ajudante, um homem sério, de cabelos desgrenhados, que enverga uma cota de malha por debaixo de mantos grossos e munido de muitas armas. Ambos permanecem afastados todo o tempo, aguardando sua vez de empacotarem os pertences numa das carroças.

Um dos carregadores orienta:

“- Nesta aqui será possível colocar suas coisas, Sr. Valerius...”

“- Humpfff... Ótimo. Auxilie-o na tarefa, Rasmuzen, pois não quero descuidos com meus pertences!”. O guarda-costas de poucas palavras apenas baixa levemente sua cabeça em concordância, carregando os pertences.

Em frente ao pátio, onde carroças estão sendo organizadas com os últimos preparativos da jornada, um homem calvo e de barba rala se apresenta de fronte aos últimos candidatos para escolta, falando vigorosamente:

“- Boa tarde, senhores. Me chamo Berak e trabalho como assistente de condução na caravana do Sr. Orlegar. Estaremos rumando hoje à noite para as perigosas montanhas da Espinha do Mundo em direção às cidades de fronteira chamadas Dez Burgos...”

Clatus, o único halfling presente olha de braços cruzados a agitação dos homens e os dois anões que fazem parte dos candidatos.

Aos que o observam Clatus notam que este parece um halfling incomum. Com seus cabelos castanhos e olhos negros já seriam motivo suficiente de diferença de seus parentes péspeludos se não fosse também pela pequena barba rala que orgulhosamente mantém. Em seus 82 cm de altura somente podem ser vistos seu arco curto nas costas junto a aljava e a mochila, bem como a pequena adaga no cinturão encoberto pelo grosso manto azul escuro que igualmente esconde o corselete de couro que enverga.

Nardur permanece imóvel com suas feições pouco amistosas ouvindo o pequeno homem falar. Esperando pela reação dos demais, apenas confere o reforço das amarras em sua mochila.

Neste momento, 4 dos candidatos começam a deixar o local depressa, resmungando sua indisposição em encontrar tempestades glaciais, monstros e maldições que congelam os ossos.

Horadrim que a tudo ouvia com atenção, refletia sobre a proposta.

O mago de olhar contemplativo, cabelos castanhos claros e costeleta trajava por debaixo da pequena mochila cinzenta seu manto com diversas fivelas púrpura desbotado. Nas mãos, apenas o fiel cajado em tom bege com entalhes de raízes.

Enquanto se mantinha recostado numa pequena mureta próxima daquela aglomeração comparava os dizeres e descrições com as informações recebidas durante sua viagem pelos mares ate a cidade resolve desistir de seguir naquela jornada, afinal haveriam outras oportunidades no seu devido tempo.

Mikal diz sussurrando:

“– Tempestades glaciais e neve, hunf!!!... Nada muito diferente de brincadeira de criança!”.

O jovem Clatus apenas desdenha para si mesmo numa pequena risadinha a falta de oportunismo dos desistentes. Imaginava mesmo que haveria poucos dispostos a se aventurar rumo a territórios tão pouco civilizados e de onde se contam terríveis historias. Mesmo os anões das minas de Mirabar tinham receios de ir para tão longe.

“- Realmente não será uma viagem fácil, alguns de vocês talvez nem sequer vejam o vale... mas garanto que estamos dispostos a fazer um bom pagamento...”

Outros 3 se juntam aos desistentes, comentando sobre propostas melhores de guardar mercadorias num dos navios do porto. Berak observa meio arrependido por suas palavras, mas conformado.

Clatus apenas esboça novo escárnio, devidamente escondido pelo coçar de sua barba rala, da falta de persistência de homens acostumados à vida fácil. Todavia ele tinha de estar nesta viagem de qualquer forma, mesmo que fosse o único dos presentes a aceitar a proposta...

Nardur observa com certo desprezo o que entende como covardia dos homens conhecidos por sua origem bucaneira. Esperava presenciar maior garra de homens acostumados com batalhas. Todavia espera ele mesmo ser capaz de façanhas dignas de serem contadas por seus ancestrais na sua distante terra.

O guerreiro de pele avermelhada, cabelos longos desgrenhados e olhos negros possui uma estatura grande por detrás de seu pesado manto cinzento sobre o corselete. Duas machadinhas afiadas com estranhos entalhes e uma espada estão situadas no cinto grosso que sustenta as calças de couro e lã, enquanto um arco longo com entalhes permanece nas largas costas.

“- Pelo visto vocês foram os únicos persistentes o suficiente heim?... Neste caso ofereceremos 100 moedas de ouro aos bravos que nos acompanharem. 50 agora e mais 50 quando chegarmos. Que me dizem?”

O pequeno halfling logo se manifesta:

“- Por 50 moedas? Ehhh,parece que você é um homem duro de negociar heim Berak ? Mas eu aceitarei...”- Diz estufando o peito para pôr as mãos no cinto, tentando parecer mais ousado.

Nardur observa a vivacidade do pequeno com menos entusiasmo e sinaliza sua concordância com os termos estabelecidos pelo homem. Os olhos fortes e determinados, como grandes chamas enegrecidas estudam cautelosamente aos que parecem ser seus colegas na jornada.

“- Então rapazes... parece que seremos companheiros de viagem. Me chamo Clatus Marcachh... quer dizer, apenas Clatus mesmo, já que detesto meu sobrenome, e vocês?”- conclama estendendo animadamente uma das mãos.

“- Sou Nardur de Rashemen pequeno!”- Diz rispidamente o estóico e orgulhoso bárbaro fortemente, numa variação da língua comum carregada por um estranho sotaque. Sem apertar as mãos do halfling, procura manter as mãos repousadas sobre as machadinhas no cinto.

Acena com a cabeça e diz:

“ – Mikal di Vantè Aztoz, servo da justiça e da ordem, filho de Lua Argêntea!”

Ao perceber que se tratava de um devoto do deus da justiça, o pequeno Clatus coça levemente o nariz.

Luther, um dos aventureiros presentes, possui olhar astuto e feições rústicas. Jovem, robusto, forte de aparência simples tem 1 cavanhaque, cabelos castanhos compridos e soltos. Sua pela é morena queimada de sol.

Luther se manifesta:

“- Caros colegas viajantes, pensando no melhor aproveitamento de nossas forças diante da incumbência de segurança da caravana podemos conversar sobre os boatos que cercam essa caravana. É absolutamente fundamental sabermos das habilidades e capacidades de todos os envolvidos na segurança, pois nossa sobrevivência pode depender uns dos outros, pois apesar do que nos disseram é misterioso nosso horizonte. Eu sou Luther de Akadis, a Rainha do Ar, sacerdote recém consagrado. Tenho poucos recursos de combate além dessa minha espada de 2 mãos! Detenho habilidades em magias Arcanas e clericais, com forte limitações, e apenas um impedimento, sendo as magias ligadas a terra. O que sei dessa região me confirma até agora que as poucas e insuficientes informações que nos passaram quanto a nosso destino são verdadeiras!”

Clatus solta o ar que mantinha sua pequena saliência na barriga comprimida, porem mantém sua hospitalidade:

“- Ahammm, bem... Eu sou apenas mais um viajante interessado nos mistérios e oportunidades que podem haver para os mais audazes, afinal o Sul de Faerun já não tem grandes surpresas para os que buscam descobertas não é mesmo? Tenho alguns talentos que me foram ensinados pelos meus parentes e por colegas que conheci aqui em Luskan, mas ouvi dizer que muitos mercadores e mensageiros tem ido para aquela região nos últimos meses levando grandes estoques de comida, como é o caso deste caravana”

”- Mas confesso a vocês que sei pouco do daquelas regiões,por isso o melhor é esperar que tenhamos uma bela viagem e historias para contar...”

Nardur apenas olha pesadamente para os futuros companheiros de viagem antes de responder:

“- Humpfff... Vocês falam difícil. Pouco sei do que acontece nestas regiões, mas garanto que meu povo esta acostumado com guerra, por isso lutarei se preciso for com o que estiver ao alcance minhas laminas!”

“ - Grande guerreiro quando a questão de usar suas laminas elas provavelmente serão pouco necessárias, mas se souber acender fogueiras e se aquecer no frio esse sim será seu maior trunfo!”

“- Uma boa arma sempre tem seu lugar homem, queira ou não...”, responde rispidamente o guerreiro de traços fortes.

“- Vocês tem uma hora para organizarem seus pertences e partirem conosco na caravana... E pelos deuses, não demorem!” diz dando um saco de moedas a cada um.

Clatus sinaliza que permanece aguardando autorização para se acomodar no transporte. Neste meio tempo, coça os pequenos pelos de sua barba e dá longos olhares que esboçam um simpático sorriso aos presentes.

O bárbaro de sangue rashemita também permanece, todavia afastado dos demais, observando o horizonte para onde seguirá a caravana.

Após alguns minutos e depois de ter arrumado seus pertences a caravana ele olha a sua volta examinando seus companheiros meticulosamente sem ser indiscreto tentando obter o máximo de informações possíveis.

*Bem parece que vou passear novamente pelas minhas fronteiras , Tyr protege teu servo que busca somente tua gloria trilhando caminhos da honra e da bondade, faz com que esse servo seja teu braço de justiça onde for*

O jovem entra na caravana e senta-se no canto solitário, porém com um rosto bastante solidário e sereno.

Mikal é um jovem de aproximadamente 22 anos, com aproximadamente 1,95 de altura longos cabelos negros como a noite combinando com sua pele bastante clara contrastando fortemente com a cor de seus olhos e cabelos criando um contraste muito forte, porém fortemente sedutor. Sua cota de malha muito bem cuidada e limpa possui ainda uma espada com um pequeno brasão cravado em sua empunhadura, onde aqueles homens com alguma fé distinguirão o símbolo do deus da justiça. Ostenta ainda uma capa em tons cinza escuro presa a seu pescoço que mostra claramente um grande símbolo de Tyr. Seu caminhar é suave apesar do frio e da neve, muitos sabem que tal caminhar é típico de quem é dessa região do norte, e ao observador mais atento isso fica evidente, bem como a pequena jóia quase sem valor que prende sua capa como sendo um artefato típico do artesanato de Silverymoon,, uma das cidades das fronteiras prateadas.

O jovem apesar de calado e tranqüilo parece ser sempre muito atento a tudo e a todos, com olhares curtos percebe-se que julga rapidamente todo ao seu redor.

Tão logo pode, Clatus sobe rapidamente na carroça para se colocar num dos cantos de trás com intenção de contemplar animadamente os preparativos do resto da companhia:

“- Bem, bem... espero que comecemos logo, pois ouvi dizer que o inverno por lá é bem pior do que o que temos aqui, portanto quanto antes partirmos melhor será para chegarmos inteiros!”

Suavemente, o paladino comenta:

“ – Meu caro, me parece que você não conhece os invernos do norte! Cedo ou tarde ou mais rápido ou menos rápido, temo que metade dos que estão aqui não cheguem ao vale... Se demorarmos ou não o inverno por essas terras é cruel sempre... Cedo ou tarde indefere, somente quem vive nessas terras sabe o que é o inferno frio, mas não devemos temer, Tyr nos expõe sua mão bondosa e calorosa!”

Clatus observa a expressão confiante do paladino antes de responder:

“-Assim espero senhor, assim espero... De qualquer forma trouxe algumas provisões que acredito serão suficientes ate chegarmos a nosso destino”.

Mikal começa a cantalorar bem baixinho e levemente um hino a Tyr, porém numa língua diferente do comum.

(Se alguém falar drow entenderá o que o paladino canta)

Clatus olha ansiosamente para todos os lados enquanto retira um pedaço de carne seca de sua mochila:

“- Aceitaria um pedaço jovem defensor da justiça? E vocês?”

O bárbaro busca uma posição no interior da carroça que lhe permita maior proteção dos rigores do tempo, pois ouvira falar das dificuldades em se expor às agruras do inverno no trajeto. Logo se senta no meio pondo sua mochila em seu colo.

Nardur após acomodar-se decide aceitar a gentileza do halfling pega um pequeno pedaço ao qual olha com desconfiança por alguns minutos antes de comer.

“- Obrigado pequeno, mais não é necessário ainda, agradeço a gentileza!”

Virando se para o sacerdote:

“- Perdoe-me pela ignorância senhor, mas a quem serve? Não posso ver o símbolo de seu deus, claro deve ser por alguma distração minha!”

Luther responde:

“- Bem Sr. Paladino de Tyr Divindade da Justiça em toda Faerûn, eu sou sacerdote da Rainha elemental do Ar, Akadis. É minha missão fazer alianças com Deuses que protejam os céus da maldade e implantar no norte a igreja de minha divina rainha. Acolher e proteger seres alados e todos que tenham a bênção de voar pelos céus, por quais quer meios que consigam também é um dos interesses de minha rainha! “, diz mostrando um broche de prata com o símbolo da Deusa.

Em seguida, continua:

“- E os demais como se chamam e de onde vem ? Apresentem-se!“

*Akadis, uhmm, menos mal*

Descontraídamente o paladino parece entretido vendo Clatus e Nadur comendo. Porém ele é bem observador para quem parece apenas entretido. Mikal observa e marca mentalmente todos os costumes dos dois e prestando bastante atenção especialmente em Clatus, sem ser indiscreto.

“- Nhammm, nham... Hummm... Prazer im conheche-lo Luthr, me chamo Clatus como disse antes, venho daqui mesmo. Mas diga-nos qual é sua terra natal e o que te trouxe a viajar por estes lados...”

O pequeno halfling retoma sua alimentação um tanto vigilante, olhando nervosamente a entrada do pátio.

Depois de um tempo o jovem volta a cantarolar o mesmo hino que cantava há algum tempo ainda na mesma língua estranha.

Uma hora depois, com os suprimentos devidamente distribuídos, as primeiras carroças iniciam viagem.

Depois de observar um pouco os companheiros o paladino se levanta.

“- Me perdoem um segundo!”

Mikal desce da carroça e se aproxima de Lorde Valerius dizendo com uma voz plácida:

O nobre fica surpreso com a audácia e intromissão de quem julgava ser um mero mercenário.

“- Saudações grande lorde, espero que você experimente uma tranqüila viagem por essas paisagens, nosso frio é intenso como você já deve bem saber, meu conselho para o senhor seriam apenas dois: Primeiro, se algo sair errado não se sinta menosprezado em ter que obedecer ao que nós, que estamos aqui pra assegurar sua saúde mandarmos, sei que muitos nobres por mais honrados, raramente gostam de receber ordens. Segundo, por mais que aquele jovem (aponta o guarda costa) seja seu servo ou seu vassalo, perante Tyr, temos os mesmo direitos, então, por favor, trate-o com respeito, vi sua atitude a pouco e ela ficou martelando em minha cabeça!”

O estranho homem levanta levemente uma das sobrancelhas ao ouvir o paladino referir-se a ele. Logo um olhar de suspeita surge do fundo de seus olhos, enquanto segura com maior força sua espada.

“- Ahh... E perdoe-me se em algum momento usei de indelicadeza para com sua excelência, espero também ter me feito claro e bem entendido!”

Ainda chocado com a insolência doa audaz guerreiro, o nobre apenas torce seu rosto compulsivamente antes de responder:

“- Não sei como descobriste minha posição jovem, mas vejo que pareces um homem razoavelmente instruído, portanto desconsiderarei sua audácia em se dirigir a mim desta maneira por ora. Meus assuntos e minha guarda não lhe dizem respeito rapaz, trate de cuidar meramente de suas obrigações para com teu contratante e deixe que eu cuide de como devo tratar meu servo, que por sinal sabe precisamente seu lugar, portanto sugiro que volte a embarcar logo em teu transporte antes que o deixem para trás...”

O leal servo que agora se encontrava ameaçadoramente ao lado de seu mestre colocara uma nova mala ao lado de seu senhor. Com um gesto dos dedos de Sir Valerius o homem cruzou os braços pacificamente, todavia encarava perigosamente Mikal. Em seguida o guerreiro auxiliara o nobre a subir em sua carroça, seguindo-o depois.

O jovem guerreiro faz uma grande reverencia e retorna a carroça dos companheiros.

Na carroça se direciona para Nardur:

“ - Grande guerreiro, disse que vem de Rashemen... Não conheço essa terra, será que podia me dizer mais sobre ela? E se minha palavras forem difíceis peço perdão, se o élfico lhe for mais conveniente podemos conversar em élfico!”

Nardur que ate então estava entretido com o paladar da “comida da gente das cidades” olha com desconfiança para o guerreiro sagrado que o havia interrompido. Todavia a gentileza pareceu-lhe merecedora de uma resposta:

“-Consigo entendê-lo seguidor de deuses, mas não vejo porque ficar falando muito, meu povo fala apenas o que precisa. Nada sei da fala desse povo antigo. A minha terra fica longe dos seus olhos, mas meu povo é forte, feito de guerreiros com coragem e honra que tem bons conselhos de nossas senhoras e irmãs e dos grandiosos espíritos!”

Com a movimentação das carroças, Clatus se recosta tranquilamente, como se tivesse retirado um peso dos ombros, ouvindo mais animado a conversa de seus novos companheiros.

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