sábado, 22 de agosto de 2009

III - Rastros

“Os civilizados sempre temerão todas as criaturas selvagens, mesmo que não assumam, pois as feras jamais obedecerão aos caprichos de seus modos ou regras, mas principalmente porque seguem sua própria maneira de manterem seu lugar no mundo...”.

Nerakio, ranger das estepes.

o entardecer do segundo dia de travessia da grandiosa cadeia de montanhas o comboio diminui seu ritmo em virtude da densa neve acomodada ao longo da trilha. Enquanto seguem lentamente pelo caminho. Os homens redobram sua vigilância na proporção que aumenta a tensão dos animais.

Durante a noite a lamuria da forte tempestade dá lugar aos ruídos tenebrosos e quase agudos de brisas que viajam junto com a pequena garoa fina que surge repentinamente. Dentro das carroças a força do clima se torna mais tolerável aos protegidos viajantes.

A caravana faz nova parada para a substituição das montarias e cavaleiros num elevado próximo. Sentinelas são posicionados em cada direção das carroças e alguns dos mercenários são incumbidos de auxiliar na tarefa, entre eles Mikal, Nardur e o anão Baruc.

Os lentos movimentos do incessante vento parecem pouco incomodar Baruc, mais preocupado com o termino de seu contrato na chegada a Dez Burgos.

Subitamente o bárbaro Nardur que aparentava estar concentrado no relevo das montanhas move-se rapidamente para uma pequena formação a direita do acampamento. Ajoelhando-se nas proximidades, começa a tatear o chão e esfregar as mãos:

“- Hrrummm... Criaturas fedidas estiveram aqui...”

Enquanto Clatus amarra tiras de pele grossa em volta dos pés para solucionar seu incomodo com o frio ríspido, termina seu extenso discurso acerca das diferenças entre famílias halflings pelo tamanho dos pêlos nos pés, para o sofrimento do jovem clérigo de Akadis. Subitamente, o misterioso viajante de manto cinzento adentra na carroça para espanto de Luther e Clatus orientado por Berak:

“- Fique a vontade, pois nesta aqui não há muita carga e ficara mais seguro se houver problemas...”

A emudecida figura senta-se delicadamente próximo da abertura para cocheira e coloca sua mochila ao chão sem que seja possível notar quaisquer de seus traços físicos escondidos pelo largo manto.

Luther se apresenta ao suposto amigo de Clatus:

”- Salve! Eu sou Luther, sacerdote de Akadis a Rainha do Ar!”

O novo acompanhante nada diz ao clérigo, mantendo a cabeça baixa, retirando com suas delicadas mãos um pote de sua mochila que logo é colocado a sua frente.

Estendendo a mão e procurando ver nos olhos do suposto amigo de Clatus alguma sinceridade ou propósito em comum, pergunta:

“- O que o traz a esse ermo nessa viagem?”

A figura levanta lenta e calmamente sua cabeça, sendo possível a Luther vislumbrar os olhos meio acinzentados e levemente puxados do misterioso viajante. Logo, joga um punhado de grãos que acendem um fogo azulado. Para espanto de Clatus a retirada do capuz do manto revela as feições identificáveis por Luther como sendo élficas:

“- Venho em busca de segredos e mistérios e me chamo Nindriel, a cinzenta. Já ouvi falar de seu culto humano!”

Clatus fica surpreso com a perícia da elfa na pronuncia do idioma comum, uma linguagem tão pouco usada com destreza pelo povo belo. Ao perceber o espanto do halfling, a estranha acompanhante de olhar indecifrável retoma suavemente a palavra:

“- Estudo e conheço os saberes e mistérios de muitos povos, logo falar o comum não representa dificuldade para mim pequeno. Há coisas maiores que separam os s...”

Subitamente a fala da elfa é interrompida por um abafado som de forçada expiração do lado de fora. Quando recomeça o tom das palavras ganham um ritmo único, indicando um estado de transe:

“- Os próximos dias testarão a resistência dos viajantes antes de começarem a seguir seus destinos. Esta sempre foi e será a saudação das terras gélidas aos que vem desbrava-la!”

Luther com o frio e fome, fica sonolento e se encosta num canto da carroça onde começa a dormir.

Mikal que se aproximava para descansar ao terminar seu turno ouve a cantoria de algumas fogueiras abafando a natureza próxima e trazendo certa descontração e civilidade as terras inóspitas. Mais perto da carroça, o paladino consegue ouvir o som de uma forte queda do outro lado do transporte.

A expressão de cansaço do rosto do jovem guerreiro desaparece no mesmo instante em que os ventos gélidos trazem o barulho até ele, seus olhos mudam totalmente apagados pelo longo turno eles voltam a demonstrar uma chama, chama essa que pode evidenciar perigo.

* Tyr pai da justiça, amável e bom aqueles que pregam o caminho sábio e justo, mostra ao teu servo , cego, o ímpio , mostra aquele que deve ser ceifado em nome do bem maior para que seu nome seja louvado e tua honra glorificada, mostra ao teu servo a presença do malfadado e injusto ser nefasto e faz tua luz e verdade brilhar na lamina do teu servo*

(off: Detectar o mal – foi se a do dia rs )

Desenbainhando sua espada o jovem guerreiro da luz atravessa cautelosamente a carroça indo verificar o que se passar

“ Por Tyr , o que esta havendo?

O jovem tem uma expressão absoluta e inabalável em sua face

Noutra carroça adiante:

Dentro da carroça abarrotada de cargas, Guieblin há tempos incomodado com a mesmice da paisagem e a monótona viagem observa a calada mulher com a insígnia do machado cinzento guardando vigília no lado de fora.

Guieblin Possui Cabelos longos trançados lembrando um pouco o cabelo da raça Anã, porém suas tranças são muito mais bem feitas do que as tranças rústicas anãs. Olhos negros e bem grandes, como se estivesse olhando a tudo o tempo todo minuciosamente, porém quando realmente mostra uma curiosidade a mais com algo seus olhos se tornam ainda maiores e profundos. Quase sempre Guieblin possui um sorriso amistoso e tímido, como se sua curiosidade não combinasse com sua timidez. Usa roupas simples, camisa verde com um cadarço que vai da gola até o fim da camisa, usa calça preta, botas de couro rústicas, um sobretudo azul escuro bem velho, coloca o arco entrelaçado no corpo, aljavas de flechas bem visíveis, e sempre anda com sua mochila, ao invés de cinto usa uma corda de cânhamo para amarrar as calças.

Guieblin balança a cabeça... Dá uns tremeliques sem graça, e aos poucos se aproxima da moça:

“- Machado grande né... hé...De onde vim nem os homens conseguem empunhar algo assim, estou curioso de seus dotes, no bom sentido é claro. Essa viagem parece que não termina, não aparece nada, vivi minha vida inteira em meio a natureza, esperava me aventurar por algum lugar novo, mas é muito chato quando as coisas da vida o obrigam a ir por caminhos não desejados não é?”

A mulher de poucas palavras olha a principio desconfiada para o pequeno aventureiro, todavia ao identificá-lo como um gnomo torna-se menos hostil:

“- A vida pode trazer muitas surpresas pequeno. Não se descuide com a aparente tranqüilidade de nossa viagem, pois muitas feras perigosas apenas esperam a chance de nosso descanso para saquear e devorar nossa carne!”

Guieblin olha a mulher com os olhos brilhantes, como quem conseguiu uma ótima distração para aliviar a tensão da jornada, ma não consegue parar de olhar o adorno do machado, e olha com enormes olhos atentos!!

Percebendo que Guieblin ficara fascinado com o símbolo de sua companhia resolve por fim esclarecer a curiosidade:

“- hehhhh... Pelo visto nunca esteve nas montanhas selvagens do Norte antes já que desconhece a Companhia dos Machados Sangrentos. Somos de Sundabar e lutamos contra os orcs e goblins por toda região.

Guieblin olha a moça como se tivesse encontrado o “cajado do mago”, arregala os olhos, sorri com uma expressão menos tímida que o casual.

“- Nossa!!!!! Não acredito!!!! Você disse Orcs???? Se você luta contra Orcs então tem minha incondicional confiança, pode me pedir ajuda quando quiser pra derrotar esses sem cérebro. Hahhhh...Perdão, sim você está certa nunca estive por aqui, só vim pois ouvi falar que aqui tem algo que pode explicar por que minha aldeia foi dizimada por orcs, e também dar uma ajudinha no meu passado. E você o que faz nessas regiões inóspitas?”

Com um brilho nos olhos de uma criança de 5 anos que encontrou um novo amigo, Guieblin novamente sorri, e olha atentamente a calada mulher.

A mulher olha com certa complacência ao ouvir a narração de Guieblin sobre os orcs:

“- Eu entendo a raiva dessas bestas miseráveis e agradeço por meus mestres anões pela confiança... Os orcs não precisam de motivos para saquear e destruir já que não passam de monstros carniceiros... Mate sempre quantos deles puder e estará fazendo um bem ao mundo. Já minha presença nesta viagem se deve ao contrato junto de meu irmão de combate para proteger esta caravana ate Brin Shander pois conhecemos bem essas terras e lutamos muitas vezes com os perigos daqui!”

Guieblin quase que interrompendo a mulher:

“Caso precisem invadir um covil dessas criaturas, ou arrombar esconderijos com silêncio e cautela, estarei sempre pronto a ajudar, pois orc bom é orc morto!”

Novamente Guiebiln sorri para a moça, e mostra um ar de confiança extrema em seus talentos.

Antes que a mercenária pudesse dar continuidade, o relinchar dos cavalos do outro lado da carroça chama sua atenção. Imediatamente, a guerreira corre na direção do som.

Na cocheira, o jovem Elmorin sente os fortes ventos gelados e ouve o convencido cocheiro Hermin em sua narrativa:

“-... E ai eu disse praquela ramera que ela num tava lidano com os garotinho da cidade, mas cúm homi do Norte, daí ela mi deu de vorta o dinherô. Imagina se tivesse falado que tinha lutado na batalha com os goblins do Kessel lá em Brin Shander? Ahhhh.. Aí ela ia me dá o queu quisesse de graça, heheheheh...”

O jovem Irwain, pouco acostumado com tanto rigor invernal tenta se proteger da frieira da noite com os cobertores no interior da carroça, porem também ouve os cavalos relinchando em alvoroço, fazendo o cocheiro derrubar a garrafa de bebida:

“- Mas que diab... Que tá cunteceno cum esses bichû?”

“ Luther, Ao ouvir o relinchar do cavalo e o cocheiro derrubar a garrafa de bebida, o q parece ser distante, o sacerdote de Akadis pensa; o q será q agitou tanto esse cavalo para ele reagir assim? Se eu tiver q me levantar daqui é bom q seja algo grave, por q sei q vou ficar num mau humor medonho! Me pergunto por q eu fui entrar para a igreja de meus pais ao invés de seguir um caminho mais simples como meus amigos de infância, os bárbaros do Shaar? Eles hoje devem praticar o esporte de degolar Orks. Será que não existe nessa terra nenhum Ork que seja digno de viver em paz?

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